18 fevereiro 2011

Imagine só...


- Mãe! Você já viu o tamanho do queijo que tem no céu? - Gritou um menino assim que encontrou a mãe.
- Queijo, Marcelo? Qual queijo? - A mãe perguntou sem dar muita importancia para aquela situação.
- É enorme! É um queijo gigantesco, mãe! - Falou o menino.
- Venha tomar café! - Disse a mãe, empurrando uma das cadeiras para que o menino pudesse se sentar.
- Você não está curiosa pra ver o queijo? - Perguntou o menino depois de alguns segundos em silêncio.
- Queijos não voam, Marcelo! Queijos não voam, só os pássaros voam. - A mãe respondeu rapidamente. Ela estava cansada, sem paciência para acalmar a angústia daquela criança.
- Mas e o avião? - Voltou a perguntar o menino.
- O que é que tem o avião, Marcelo? - A mãe falou enquanto colocava um pedaço de pão na boca.
- O avião é um carro que voa. Você algum dia pensou que carro poderia voar? - Perguntou o menino.
- É diferente, Marcelo. É diferente. - Falou a mãe.
- Diferente como?
- Diferente é diferente, Marcelo.
- Mas mãe, você não quer ver o queijo? - O menino voltou a falar depois de ficar alguns minutos encarando o prato de sopa que a mãe havia colocado em sua frente.
- Queijos não voam, Marcelo. Você não entende isso? Eu vou perder a paciência se você não comer essa sopa agora. Eu trabalhei o dia todo, estou cansada, você não vê? - A mãe falou, impaciente, esperando ansiosamente pelo fim daquela conversa.
- Mas eu vi, mãe. Quando vejo alguma coisa, eu sei. Quando você vê essa mesa, você sabe que é uma mesa, né? Eu vi com os meus olhos, mãe. Era um queijo, igual aquele redondo que você comprou aquele dia. - O menino ainda acreditava na sua verdade.
 A mãe, sem paciência, foi andando até a varanda e olhou para o céu dizendo:
- Cade o queijo, Marcelo?
 O menino pulou da cadeira e, com um grande sorriso no rosto, apontou para uma bola amarela no céu.
- Ali, mãe! Ali o queijo! - Disse ele, eufórico de alegria.
- Marcelo, meu filho. Não sei de onde você tira tanta "lorota" dessa sua cabeça. Isso é a lua, Marcelo. É a lua. - A mãe deu meia volta e foi andando em direção ao seu quarto. O menino ficou ali, parado, digerindo aquilo que ele havia acabado de ouvir.
- É a lua. - Falou ele depois de algum tempo, sem demonstrar nenhum tipo de interesse. - Eu ia gostar mais se fosse um queijo voador.

 Marcelo só tinha cinco anos de idade. Ele ainda estava aprendendo a enxergar o mundo real.
 
  É... Às vezes nos falta um pouco de imaginação.



                                                                

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