15 maio 2011

Passando o silêncio.


A cama estava dura demais, pesada demais, vazia demais e Joana estava sozinha, perdida em uma imensidão de lágrimas que insistiam em guardar a mesma tristeza naquele velho coração. O dia estava claro, mas um olhar triste apaga boas marcas de felicidade, deixando a escuridão transparecer em um destino ainda não encontrado.  O sangue que palpitava daquele velho coração era o único resquício de vida que havia permanecido naquele olhar morto. Era difícil viver sem sentir as marcas de um coração leve, sem preocupações significativas.
O tempo passava devagar. Será que o tempo passava? Joana estava incerta se um dia viveria a intensidade de um amor que ela havia deixado escapar de suas próprias mãos. Ela sabia o que devia ser feito. Ela precisava se entregar novamente, mas as marcas do ressentimento a impediam de descobrir a face do perdão. Ela não queria perdoar.
Já era tarde. Ele ainda não havia chegado. Joana não o esperava mais, ela não fazia mais isso. O silêncio construiu um muro vazio entre os dois, deixando mágoas de palavras escondidas por baixo daqueles móveis cheios de lembranças.
Ela sentia vontade de olhar novamente para aqueles olhos, mas o medo de encarar a realidade a impedia de buscar a proximidade daquele momento novamente. Era tarde demais e a ferrugem do desgaste estava cada vez mais evidente naquela relação. Conversas não eram mais suficientes, deixando que as brigas se tornassem a realidade naquele cubículo duro, pesado vazio.
Já era tarde. Meninos nunca abraçam quando precisa-se de um. Menino vai embora e Joana fica só. Ela sente saudade de tantas lembranças. Ela queria aquele amor novamente, mas não tinha forças para encarar seus próprios medos. Como se pode amar se nem sabemos ao certo o é o amor?
Fica tarde Joana. Se os olhos ficarem fechados tudo fica tarde. O tempo passa tarde, as horas não passam e novos amores só conseguem sentir o gelo daquele ambiente escuro.
Era difícil. Tanta espera a deixava ainda mais cansada, e ela não tinha tantas perspectivas de que algo poderia mudar.
Ela escolheu se acomodar. Ela queria esperar a flor brotar daquele concreto novamente. Tudo é possível, ela sabia. Ela só não sabia como poderia deixar aquela história passar diante de seus olhos.



08 maio 2011

Dia de mãe. S2


Existe um mundo onde não existem distrações. Onde as pessoas se encontram todas as tardes em uma grande praça antiga, cheia de flores e árvores de vida. Nessas árvores alguns espíritos flutuam de olhos fechados, deixando o transparente de seus corpos à vista naquela imensidão  de beleza e quietude. As horas não passam naquele ambiente, deixando que o vento e a sombra possam orientar as estrelas às suas rotinas diárias. Esse mundo é calado para quem não sabe ouvir. As verdadeiras palavras são expressadas em sentimentos, através de abraços e sussurros de perdão. Mesmo sem horas o tempo passa devagar, às vezes tarde. E quando cada segundo encontra sua respectiva hora, a praça se enche de pessoas estranhas e de amor. É hora de escolher. Era hora de partir.
Uma linda sinfonia tocava naquele ambiente e mesmo as pessoas que não conheciam o amor passavam a descobrir um sentimento muito maior e efêmero. Tudo se congelava naquele instante, menos as pessoas que se abraçavam e sorriam como se soubessem que aquilo seria uma despedida.
Quando tudo se calava, todos sabiam o que poderia acontecer e se amontoavam em um canto da praça, próximo aos leões, que rugiam e determinavam certo poder naquele local. Foi nesse instante que chegaram alguns seres distintos. Eles voavam e vestiam capas brancas, bordadas a ouro. Todos sentiam vontade de tocar naqueles símbolos e analisar cada ponto, como se fosse uma mágica que deveria ser descoberta. Mas ninguém se atrevia. Ninguém se aproximava, pelo contrário.
As pessoas choravam de emoção, deixando transparecer tantos sentimentos que foram trancados no cadeado da vida. Algumas se ajoelhavam, não queria partir. Elas nunca haviam encontrado tanta paz em toda a sua vida. Mas elas iriam. Elas precisavam ensinar o amor a alguém, já era hora de cultivar novamente a árvore da vida.
Os seres de capa eram anjos e as pessoas na praça eram mulheres. Os anjos abraçavam cada mulher e sussurrava em seus ouvidos tudo o que deveria ser passado um dia. Algumas sorriam, outras choravam. Era uma mistura de emoções sem fim.
- Suas características foram ditas. Quero que vocês se adequem a algum desses frutos e os ensinem. Já está na hora do mundo se tornar um lugar melhor. - Um dos anjos sussurrou tão baixo que a sua voz parecia um doce e frio vento.
As mulheres então escolheram seus espíritos e nasceram novamente. Os espíritos da árvore deveriam esperar a hora daquelas mulheres e, somente quando estivessem prontas, receberiam seus frutos e os amariam com um amor vivenciado pelos anjos do céu.
Aquelas mulheres seriam mães. Aquelas mães descobririam a verdadeira face do amor.




Dia de mãe merece um texto só pra ela. Dia de mãe que é seu minha mãe, que deveria ser comemorado todos os dias, todas as horas.
Você é linda, mãe. Dona dos olhos mais lindos, dos abraços mais acolhedores e das melhores palavras. Você é um pouco de mim e eu sou muito de você. Você é minha eterna menina de sorriso doce.
Eu te amo, você sabe. Te agradeço por tudo. Pela paciência, pelas palavras, pela sua dedicação incondicional.
Seria injusto dizer que você é a melhor mãe do mundo, mas você foi feita pra mim. Cada pedaçinho seu se combina comigo e às vezes eu me surpreendo por ser tão igual a você, que sempre foi minha inspiração. Então, para mim, você é a melhor mãe. E eu sei que ninguém iria exercer esse papel tão bem quanto você.
Somos cheios de defeitos, eu sei. Mas as recordações da minha vida são ainda melhores por ter tido você ao meu lado. Sempre vou me lembrar das danças no espelho, dos desenhos, das filmagens, das músicas, das palavras, das brigas e ensinamentos. Sempre vou me lembrar.
Obrigada por tudo.
Conta comigo sempre.
Vou ficar te esperando aqui para te encher de abraços e beijos, do jeito que você merece.
TE AMO!

Mila.



01 maio 2011

Um sonho.


Acordei em um lugar estranho. Em um mundo distante, diferente de tudo que eu já havia visto anteriormente. Estava assustada. A quietude daquele paraíso sussurava melodias secretas irreconhecíveis que só conseguiam ser captadas quando todos os sentidos se intercalavam. Era muito bonito olhar aquela melodia. Ela construía saudades na minha frente, retomando lembranças inventadas pelo meu medo em esquecer. Pequenas notas se prendiam em meus poros, sufocando o resto de ar armazenado em minhas células. Elas dançavam por entre os fios da minha pele, exalando uma certa condição de vida que eu nunca havia sentido anteriormente. A música mudava de cor, de forma, de estado, penetrando harmoniosamente por entre tantas montanhas que refletiam no ambiente uma vegetação harmoniosa, colorida. Lírios, rosas, flores do campo, margaridas. Aquele ambiente estava repleto de flores. Flores que exalavam distintos perfumes a cada novo acorde de sussurros, de mistério.
Havia um oceano naquele lugar. Um mar que mudava de cor a partir dos seus movimentos. Era lindo observar as ondas voando, soprando no infinito um vento aconchegante, que transmitia a sensação de um reencontro, de uma saudade. A inércia daquele movimento era tão grande que tudo parecia estar andando de volta, voltando para casa. 
O sol irradiava poucos raios de luz. Feixes de luz que abraçavam cada canto daquele lugar estranho, deixando um rastro quente, um frescor úmido, como um quente beijo na neve. Cada imagem de sombra parecia um filme de amor, onde estranhos se encontravam para despertar emoções únicas, inesquecíveis.
Foi inevitável não me deixar levar por tantos sentimentos. As lágrimas escorriam da minha face cada vez que o sol me trazia um novo beijo, um novo sentir. Meu corpo irradiava certa angústia em ser tão pequena diante daquela imensidão sem limites.
 O céu escureceu, mudando de cor constantemente. Era a lua que havia aparecido. Ela queria aquele lugar, queria transmitir sua própria paz, um novo sentir. O sol irradiou ainda mais seus raios, deixando no céu um rastro vermelho, laranja. Ele não queria sair, ainda era cedo. Ele iria lutar pelo seu espaço. Satélite e estrela: duas bolas gigantes que se encontravam e se debatiam entre si, exalando trovões, raios e relâmpagos. Luzes saíam daquele ambiente gritando gritos sufocados, assustados. A lua pediu a ajuda da chuva. A chuva enfraqueceu o sol, deixando um buraco imenso bem no meio do seu coração. A lua sentiu medo. Ela não poderia perder aquele calor para sempre e, tentando reverter tal situação, ela o abraçou, formando eclipses, difundindo amor.
Emoções distintas cantavam aquele lugar. Animais cantavam. Novas estrelas se posicionavam no horizonte. Nimbus dançantes despediam-se por alguns instantes, indo descansar no topo das árvores. As horas eram contadas pelo movimento de coisas que não paravam por um segundo.
Entardecer. Aurora. Já era dia novamente. De repente me deu vontade de amar. Senti saudade. Precisei voltar e acordei novamente de um novo sonho.



Essa música sempre me proporciona momentos assim.


Contos, e só. © Theme By SemGuarda-Chuvas.