02 setembro 2013

Saudade.

A saudade é como um papel em branco, sem colorido... É como um sorriso calado ou um grito sem palavras. Saudade é assim: Vazio, branco, sem cor e sem reflexo.
Saudade é uma pegada que foi apagada pelo vento. É um passado presente na memória daqueles que sentem e que buscam um refúgio somente na expectativa do encontro.  A saudade traz consigo o suspiro de uma espera, que aparenta eternizar-se no peito daqueles que tentam acostumar-se a enxergar com os olhos da solidão. Sim, com a mesma solidão que traz companhia e recordações. É a solidão amiga, que ajuda a crescer e pensar.
A saudade também carrega com as mãos, segura o apelo com os braços e pede paciência. Paciência. Onde será que a paciência se escondeu? Será que se apagou? Será que foi embora? Estranho pensar que a paciência também perdeu a paciência e partiu com suas malas em busca de um novo começo. Onde estaria o começo? Seria um início ou um recomeço? Seria o recomeço um início? Seria como se fosse a mesma vida com um novo olhar. Portanto, um recomeço para um novo início.
Não posso refazer passados. Não posso modificar memórias. Algumas, o tempo esquece por ele mesmo e outras permanecem sempre, como um pequeno suspiro, uma lágrima ou um pôr do sol inesquecível. Seria um passado de saudade. Seria uma saudade do passado ou um passado cheio de saudade? Seria só saudade, ou somente algumas memórias esquecidas. Tanto faz.
A saudade é um papel sem cor. Estranho pensar na saudade como algo vazio. Afinal, como algo vazio pode pesar tanto? Doem as costas, os ombros, as mãos. Até as lágrimas aparentam estar pesadas de algo feito de imaginação, fora do comum, distante daqueles que não conseguem sentir.
A saudade abraça, faz carinho, coloca para dormir. Saudade esquenta, saudade esfria. Saudade encoraja, saudade assusta. Mas, é bom, não? Precisamos do medo para saber o que é a coragem. Precisamos do calor, para descobrir o desconforto de uma noite fria. Precisamos da dor, para saber o que é um sorriso repleto de felicidade. Precisamos do amor, para saber o que é a raiva. Precisamos da distância, para redescobrir a saudade...

E a saudade fica, mesmo para quem vai. A saudade está, mesmo quando ela se transforma em lembrança. A saudade é amor. Saudade é prova de saudade... É quando um coração se divide e segue caminhos distintos. Por isso, saudade é vazio. Saudade é vazio porque carrega alguns pedaços do coração para longe, mesmo sabendo que alguns nunca voltarão. Saudade é privilégio para os que sabem amar. Só com amor, descobrimos a dor de viver com a falta daqueles que te alimentam da felicidade.  Então, eu prefiro sentir saudade e saber que aos poucos vou preencher novamente a minha bagagem de amor. E assim sou, e assim vivo. Repleta de saudade, repleta de vazio, repleta de amor.





1 Comentários:

Penélope disse...

Ah! Saudades!! O mote que nos dá a oportunidade de divagar assim, entre belas palavras. Vazios que nos preenchem de tantos outros sentimentos. Lindo texto!!
Abraços

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