13 maio 2012

Dia de amor.

Como se fosse um pequeno abraço que cura dores, uma pequena palavra que entende erros. Como se fosse lágrima, um sorriso. Um pedaço de céu que carrega no coração um imenso sol. Uma frase certa. Uma censura. Um certo olhar. És como um poema em versos soltos. Menina, mulher. És como um conjunto do que é mais efêmero. Um todo compactado em uma pequena parte. Um abraço quente. Um beijo. Mãe. Mãe que tudo entende, que enxerga através de um olhar, que acaricia e repreende. Mãe de todas as horas. De um abraço remédio e beijo curativo. Mãe é mãe. Mãe é mãe. Mãe é moldada. Mãe tem defeitos, tem charme. Mãe de hora marcada, de almoço na mesa, de filme, de música. Mãe de trabalho, mãe de casa, mãe de um, mãe de vários. Mãe é mãe. Liberta. Carrega. Já cresci? Preciso partir. Partir? Solta a mão, mãe. Seu sorriso é lindo, menina. Onde você aprendeu tudo isso? Ensina, mãe. Guarda essa palavra para depois, sei que ainda precisarei ouvir. Guarda aquele sorriso, também. E me abraça, certo? O dia fica frio, às vezes. Seu abraço conforta. Mãe é mãe. E feita perfeitamente para mim. Ou seria eu, feita para você? Te amo. Para você, minha linda mãe (Maria Célia) e para todas as mães: Um feliz dia!

06 maio 2012

Era um certo vazio.

Uma xícara vazia é como um coração que palpita saudades. O medo transpirava, saia em formato de chuva, inundando qualquer ilusão que ainda pudesse tentar resistir. Sofia, sentada. Sozinha, Sofia. Estava mais uma vez sozinha. Sofia esperava, deixava a janela aberta. A cama parecia vazia, ou seria ela oca? Um corpo oco conseguiria chorar? Sofia não conseguia entender como de repente tudo ficava confuso. Dias confusos e horas confusas. Era um vento estranho que trazia calor. Era uma tempestade invisível. Será que as pessoas enxergavam aquela tormenta? Sofia se calava. Era difícil respirar. Haviam roubado o ar de dentro de seus pulmões. Roubaram vida, mas Sofia deixava. Ela percebeu que ainda podia suspirar e o pouco ar era suficiente para que ela pudesse andar. Devagar. Divagando, como se tudo ao seu redor fosse música. Ela escutava poucos, olhava muitos, cuidava. Sofia escutava o sol. Ela havia se cansado de enxergar, por isso o som havia se tornado mais atraente. Ela descobriu como a música conseguia levá-la para um futuro tão próximo, distante. Sofia, vazia. A linha tênue da sua existência havia sido distorcida por novas imagens. Vazia, Sofia. Você já tentou se encher de ar? Ar preenche vazio, menina. Melhor, ar te faz flutuar. Que tal flutuar? Sofia tinha vontade de encontrar uma estrela. Aquela estrela da infância que ficava no canto direito do céu. Ah, o céu! Como consegue carregar tanta beleza? Como consegue? Sofia queria aquela beleza. Ela não queria mais aquele vazio sem sentimento, seco. Uma xícara se esquenta quando o seu vazio é preenchido com um líquido quente. Por isso, Sofia havia bebido água. Mas não adiantava. O vazio fica. A angústia te impede de lutar. Sofia conseguia enxergar essas correntes. Toca. Afaga. Ela não tinha medo daquela prisão. Sabia que para entender algo, era preciso estar disposto a amar, mesmo que nunca saibamos que poderíamos sentir afeto por algo tão ínfimo, às vezes cruel. Sofia havia aprendido. Ela já havia encontrado o caos, já havia procurado o caos, já havia fugido do caos. E para quem tem olhos, o caos não é um lugar agradável. Ou não? Quem disse que a tristeza é triste, afinal? Quem disse que o feio é feio? O que seria o bonito? Seria Sofia bonita? Sofia não sabia distinguir, ela sentia. Ela observava tudo de longe e depois decidia se aproximar. Que loucura, menina! Viva mais! Saia mais! Mas dentro dos seus olhos, Sofia sabia que não havia solidão. Por baixo do vazio ela conseguia escutar vozes. Sofia sorriu. Ela sabia que não estava sozinha. Quem tem um mundo dentro de si, nunca estará sozinho. Sofia havia se confortado. Ela sabia que encontraria uma saída. Ela sabia. Esse mundo louco faz loucuras com a cabeça de quem consegue enxergar. Ela sabia. Por isso ela precisava ser forte ou então aprender a viver com os olhos fechados. Será difícil viver quando, mesmo com os olhos fechados, você consegue enxergar? Sofia recebeu um abraço. De repente seu corpo se encheu. Um pequeno movimento nos seus lábios chamou sua atenção. Ela sorriu. Ela gargalhou e, como mágica, seu vazio começou a se encher de lembranças. Era a cura. A felicidade. O amor. Tudo tão perto. Ela sabia. Tão fácil, tão pequeno, tão grande. Abre os olhos, Sofia. O mundo é difícil, porém, teus olhos te colocam em um labirinto inexistente. Não é sua culpa. A vida é assim. Respira, desse jeito fica mais fácil de caminhar.
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