27 fevereiro 2011

Ver sem ver.

- A letra dessa música é linda. - Falou uma das moças.
- É? Eu nunca reparei na letra. - Respondeu a outra.
- Oxe. Como você nunca reparou na letra? Essa música toca toda hora na rádio, você já ouviu várias vezes.
- É. Eu já ouvi mesmo, mas nunca senti.

Essa não é uma situação inédita em minha vida. Quantas vezes eu já ouvi sem ouvir? Já vi sem ver? Já toquei sem sentir? Quantas coisas já passaram por mim e eu não me importei?
Muitas pessoas, quando chegam ao fim da vida, reclamam por tudo ter passado rápido demais. Os anos foram segundos, instantes jogados na terra, muitas vezes sem nenhum tipo de significação. Amores são esquecidos, traídos. Amigos deixados com o tempo. A correria da vida acaba fazendo a gente passar por cima de sonhos, de momentos. E a vida acaba se tornando um mero enfeite, invísivel diante olhos distraídos. 
Hoje eu me pergunto porque eu me nego sentir? Porque é tão difícil me entregar ao vento suave do mar, ao brilho de pequenas estrelas no céu, ao nascer do sol? Porque é tão difícil sentir meus pés, minha pele, o peso dos fios de cabelo sobre minha cabeça? Porque eu deixo a pressa apagar meus sentidos, meus medos, minhas angústias?
Eu preciso de olhos visíveis, de uma pele sensível ao meu próprio toque. Eu preciso abraçar alguém e sentir o trânsito do calor daquele corpo em contato com o meu. Preciso sentir meus olhos, minhas lágrimas, minha boca, meu sorriso, minha respiração. Preciso entrar em contato com um lado novo da minha essência, da minha verdadeira alma.
A vida só passa em segundos, porque vivemos em busca de algo que ainda não aconteceu. Precisamos sentir cada instante, como se fosse único. Precisamos ter certeza de que estamos vivos, para que assim nosso espírito não se perca diante do nosso próprio olhar.
É importante buscar a certeza e o motivo de estarmos aqui, nessa vida, nesse instante.
Não deixe sua vida passar diante dos seus olhos.
A vida é agora.
Viva!
 

Dica de filme..



"A Jovem Rainha Vitória" - Jean-Marc Vallée

 Linda fotografia e trilha sonora. "A jovem rainha Vitória" tem um foco maior na história de amor de Vitória com Albert de Saxe-Coburg, interpretado por Rupert Friend.
 Esse é um daqueles filmes que você assiste e sente vontade de ver novamente.

"Você é a unica esposa que terei. Você é toda a minha vida. 
E eu vou amá-la até o meu último suspiro."

Tudo bem. Eu aceito, Albert.
hahahahaha

21 fevereiro 2011

Devaneio.

A carapaça sempre desviava o verdadeiro olhar e só agora ela conseguiu perceber que era impossível enxergar no meio daquela escuridão.
Renuncie. Pense a respeito.
Seu olhos já estão fadados a um destino escuso. Não se deixe enganar.
Às vezes um torto olhar revela novos caminhos, novas oportunidades.
ToC. ToC.
Essa é a sua chance, a sua verdade. Deixe uma nova escolha bater em sua porta. Você pode reconhecer.

Mudança?

Não sei ao certo. Prefiro ficar aqui e descansar a alma para um outro dia.
É... Melhor esperar no amanhã uma resposta que já foi entregue ontem.

Mudar? Não preciso disso. Cansa demais. Até demais.

18 fevereiro 2011

Às vezes eu falo demais, choro demais, penso demais. Queria não pensar tanto. Porque é tão difícil esquecer?

         Muitas vezes não sei se estou viva ou se estou morta. O tempo muitas vezes se perde dentro da imensidão dos meus pensamentos, e eu acabo perdendo momentos. Às vezes tento juntar os pedaços da minha alma, em outros eu tento separar cada pedacinho, para que assim eu não possa enxergar.
            Descobri que com o ar da minha respiração eu consigo apagar temporariamente o que eu vejo através do espelho, e só assim eu consigo me convencer de que estou bem. Só assim eu consigo diferenciar o que eu vejo do que eu realmente sou.

Camila Alves, 2010.

Acordei com vontade de cumprimentar o sol...

 




    Nunca sinta inveja do poder, ele cega. Sinta-se capaz de amar além de tudo. O amor é a única coisa capaz de reconstruir uma vida.

Imagine só...


- Mãe! Você já viu o tamanho do queijo que tem no céu? - Gritou um menino assim que encontrou a mãe.
- Queijo, Marcelo? Qual queijo? - A mãe perguntou sem dar muita importancia para aquela situação.
- É enorme! É um queijo gigantesco, mãe! - Falou o menino.
- Venha tomar café! - Disse a mãe, empurrando uma das cadeiras para que o menino pudesse se sentar.
- Você não está curiosa pra ver o queijo? - Perguntou o menino depois de alguns segundos em silêncio.
- Queijos não voam, Marcelo! Queijos não voam, só os pássaros voam. - A mãe respondeu rapidamente. Ela estava cansada, sem paciência para acalmar a angústia daquela criança.
- Mas e o avião? - Voltou a perguntar o menino.
- O que é que tem o avião, Marcelo? - A mãe falou enquanto colocava um pedaço de pão na boca.
- O avião é um carro que voa. Você algum dia pensou que carro poderia voar? - Perguntou o menino.
- É diferente, Marcelo. É diferente. - Falou a mãe.
- Diferente como?
- Diferente é diferente, Marcelo.
- Mas mãe, você não quer ver o queijo? - O menino voltou a falar depois de ficar alguns minutos encarando o prato de sopa que a mãe havia colocado em sua frente.
- Queijos não voam, Marcelo. Você não entende isso? Eu vou perder a paciência se você não comer essa sopa agora. Eu trabalhei o dia todo, estou cansada, você não vê? - A mãe falou, impaciente, esperando ansiosamente pelo fim daquela conversa.
- Mas eu vi, mãe. Quando vejo alguma coisa, eu sei. Quando você vê essa mesa, você sabe que é uma mesa, né? Eu vi com os meus olhos, mãe. Era um queijo, igual aquele redondo que você comprou aquele dia. - O menino ainda acreditava na sua verdade.
 A mãe, sem paciência, foi andando até a varanda e olhou para o céu dizendo:
- Cade o queijo, Marcelo?
 O menino pulou da cadeira e, com um grande sorriso no rosto, apontou para uma bola amarela no céu.
- Ali, mãe! Ali o queijo! - Disse ele, eufórico de alegria.
- Marcelo, meu filho. Não sei de onde você tira tanta "lorota" dessa sua cabeça. Isso é a lua, Marcelo. É a lua. - A mãe deu meia volta e foi andando em direção ao seu quarto. O menino ficou ali, parado, digerindo aquilo que ele havia acabado de ouvir.
- É a lua. - Falou ele depois de algum tempo, sem demonstrar nenhum tipo de interesse. - Eu ia gostar mais se fosse um queijo voador.

 Marcelo só tinha cinco anos de idade. Ele ainda estava aprendendo a enxergar o mundo real.
 
  É... Às vezes nos falta um pouco de imaginação.



                                                                
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