12 agosto 2012

Pai.



A música entrava pela janela aberta e o céu carregava um sol apagado naquele dia. As densas nuvens dançavam por entre aqueles morros altos que tentavam parecer mais atraentes do que tantos prédios vazios de sentimentos.
Um avião de rotina passava no céu. Onde estaria aquele coração? Será que havia caído? Será que levaram embora por engano? A menina agora carregava consigo uma nova vida e aqueles olhos precisavam ser guiados para um novo destino, mais uma vez.
Era um telefone que tocava. Era a vontade de andar de volta. Era um tempo que passava rápido, divagando, devaneando. A menina se lembrava de tantos sorrisos. Eram tantos sorrisos, tantos olhos, tantas mãos, tantos abraços, tanto tempo. A menina ficava cansada, às vezes. Mas, às vezes, também precisava tentar.
O homem havia carregado tantas malas de mudança. Passava o tempo balançando as pernas, vestido com um casaco quente demais. Você não sente calor? Mas estava bem, só precisava ficar sentado.
Algumas lágrimas dançavam no rosto da menina e ele a olhava. Temos que arrumar esse canto, certo? Não vamos deixar nada vazio. O que você precisa? Venha, não chore. Eu vou chorar, também.
E assim o tempo passava. Um dia, dois. Você está bem? Está se alimentando? Eu te amo.
E assim o tempo passava. Três dias ou quatro? Ele ligava. Eu sinto saudade. Nossa distância física não significa nada, estarei pensando em você a cada segundo. E ele preparava o terreno para que a menina não sentisse o impacto de alguns buracos. Você está feliz? Faço tudo isso por você, minha menina. Precisa de alguma coisa? Você vai ficar bem?
Ao caminhar pelas beiradas, ela percebia que havia pequenas molas naqueles buracos. A menina sabia que aquilo não era obra do destino. Ele havia acordado cedo, ele cuidava de tudo, ele sabia que tudo ficaria bem e estaria ali, sempre. A menina sabia.
Ela encostava a cabeça na sua barriga e escutava barulhos. Ria. Meu pai, sua barriga faz barulho. Ele sorria. Devia ter sido o almoço. Sempre uma explicação, sempre.
A vida não é fácil, minha filha. O sofrimento ajuda a gente a crescer. Estou ao teu lado, eu te amo, você nunca estará sozinha. Segura a minha mão, venha, vamos passear. E ele mostrava o mundo, desmascarava o novo e ensinava. Você sempre será minha menina. E eu sempre estarei contigo, meu pai.
E assim o coração foi se acomodando e aquela menininha que só conseguia correr com a fralda escorregando pelas pernas e beijar os joelhos dos grandes acabou crescendo. Hoje os braços dela já alcançavam aqueles ombros cansados. Você vai se cuidar, meu pai? Eu me cuido, filha. E foi quando a menina passou também a aconselhar o pai e o pai passou a escutar a menina. E foi quando a menina também abraçava o pai, acompanhava-o, beijava suas bochechas.
Menina, você é a cara do seu pai. Eu? Em meio a risadas sempre falava que não achava, mas sabia que era. E eu sou a cara do pai, mesmo.
E foi em meio a tantos erros que encontramos o amor. Cavamos e descavamos buracos. Achamos tesouros antigos e distribuímos o primeiro abraço em um ensinamento puro.
Ao ver nascer, ao ver crescer, ao ver ir embora. Seus olhos de preocupação não me enganam, eu te amo, estou aqui. Sou sua filha, pai. Segura minha mão, certo?
E assim caminhamos juntos até o infinito. Desde um primeiro abraço até a rápida despedida.
Estarei sempre aqui, te esperando com um abraço cheio de amor, só seu. Estamos juntos nessa vida, unidos pelo amor e pelo sangue. Vamos redescobrir o mundo, encontrar erros e tentar sempre buscar o melhor. Mudar.
Você é o meu pai. Eu te amo.

Feliz dia dos pais! Em especial, para o meu. Eu te amo, pai meu. Obrigada pela força, pelo amor, pela dedicação contínua. É esse amor que você me ensina todos os dias. E, um dia, quero ser para meus filhos tudo o que você foi para mim.
Obrigada. Serei sempre grata por tudo.
Não existiria um pai melhor do que você.
E você é o mais lindo de todos!
TE AMO!



4 Comentários:

Daniele Azevedo disse...

Ai Mila, que lindo o texto e homenagem. Me vieram alguns flashes na memória.!!

Feliz Dia dos Pais!

Nina disse...

Não tive o melhor pai do mundo.
Porém, quando saí de casa, vi o quanto ele representa significativamente para mim.
No último Dia dos Pais, almocei com ele e minha mãe num restaurante. Foi ótimo.
Bom mesmo é fazer as pazes com a vida.
Abraços!

Luís Monteiro disse...

Muito lindo.
Me trouxe bastante lembraças também, lembranças da minha vó (que é meu pai e minha mãe).

Lindo texto moça, muito.
Bjws"

Garoto Lunático disse...

Quanto tempo não aparecia por aqui, saudades de certos blogs ^^

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